Custeio por Absorção: Entenda os custos da produção

Custeio por absorção é um método muito utilizado por empresas para melhor entender os custos da produção.

A grande diferença dessa estratégia para as outras é que ela leva em conta todos os custos: diretos, indiretos, fixos e variáveis.

Como oferece um panorama mais amplo do cenário de custos na sua empresa, é muito importante aprender sobre o que é o custeio por absorção, quais são suas vantagens e, principalmente, como realizar esse cálculo.

Que tal se aprofundar ainda mais na dinâmica de custo e lucratividade da sua empresa? Leia também esse outro conteúdo que separamos para você.

Neste post, você vai aprender o que é custeio por absorção, para que serve, como calcular o custeio por absorção, suas principais características, vantagens e desvantagens, e muito mais!

O que é o custeio por absorção (custeio integral)

O custeio por absorção é também chamado custeio integral. Isso porque ele considera como custo do produto todos os custos com a fabricação, sejam eles diretos ou indiretos, fixos ou variáveis.

Isso significa que o cálculo do custo de um produto vai considerar, além dos gastos diretos, como matéria-prima, todos os outros custos envolvidos para possibilitar a produção daquela mercadoria, como o aluguel do pavilhão onde se encontra a fábrica, por exemplo.

Todos os produtos absorvem parte destes custos, permitindo que se obtenha um custo total da produção desses produtos.

Esse método de custeio é derivado do sistema RKW (Reichskuratorium für Wirtschaftlichkeit), desenvolvido na Alemanha, no início do século XX, que significa “Conselho Administrativo do Império para a Eficiência Econômica”.

Por ser o único método de acordo com os princípios da contabilidade, é o único sistema aceito pela legislação brasileira para a apresentação de relatórios contábeis, como o DRE (Demonstrativo de Resultados do Exercício).

Para que serve custeio por absorção

O custeio por absorção cumpre requisitos legais, mas também permite uma gestão eficaz. O custeio por absorção serve para calcular o custo total de um produto, considerando todos os custos diretos, como matéria-prima e tributações, até custos compartilhados, como o aluguel do pavilhão, manutenção de equipamentos etc.

Ele também serve para entender como a produtividade da empresa afeta nos custos. Por exemplo:

Considerando que os custos fixos são distribuídos entre os produtos, fazendo parte do custo do produto, quanto maior for a capacidade produtiva da empresa, menor será o custo do produto.

Por isso, além de cumprir a legislação, no que se refere à apresentação dos relatórios obrigatórios, é uma forma do gestor tomar decisões a longo prazo, especialmente no que se refere à produtividade da sua empresa.

Essas decisões podem ser tomadas, inclusive, em conjunto com outras metodologias ou ferramentas, como a matriz GUT, nas quais o cálculo do custeio por absorção pode servir como base.

Outra aplicação importante é em relação às apurações de custos com produtos em estoque. Enquanto o custeio variável tem seu resultado baseado a partir das vendas, o custeio por absorção tem o resultado a partir da produção.

Assim, produtos em estoque têm atribuídos em seus custos os custos fixos, independente de quando estes aconteceram. Isto tem impacto no inventário de estoque, que precisará ser formatado e controlado, a nível contábil, de forma diferenciada.

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Por que o custo por absorção não é rateio

Apesar de muitos materiais tratarem o custeio por absorção como rateio, ou seja, uma distribuição igual entre os produtos, não é.

Isso porque o custeio por absorção, ainda que considere todos os custos fixos como custo de produção, continua não considerando as despesas administrativas.

Portanto, a divisão dos custos fixos pode ser facilmente realizada utilizando algum critério para a correta distribuição entre os produtos, coisa que as despesas administrativas não permitem, pois é muito mais subjetivo.

Por exemplo, você pode dividir os custos fixos considerando o tempo de produção de cada produto. Assim, a proporção entre eles se dará de acordo com o tempo que a empresa investe na produção do item.

Não levar em consideração esses peculiaridades na hora de apurar os custos poderá impactar na interpretação de outros indicadores de forma errada, ou até prejudicar o planejamento gerencial da empresa, como é o caso da projeção de vendas.

Diferença entre custos e despesas

Uma das premissas básicas para entendimento do método de custeio por absorção é entender a diferença entre custo e despesa.

Apesar de ser um entendimento simples, são conceitos que geram dúvidas, pois nem sempre é, assim, tão claro.

Custos são todos os gastos que impactam diretamente na sua capacidade de produção, como matéria-prima, mão de obra de produção, energia elétrica, equipamentos de fábrica.

Você pode se perguntar: se eu cortar esse gasto, vou sentir algum impacto no volume de produtos produzidos? Se a resposta for sim, então é um custo.

Despesas são os outros gastos, que são importantes para o funcionamento da empresa, mas não tem um impacto direto na produção.

Como exemplos, podemos citar os salários da equipe administrativa, material de escritório, gastos com publicidade, comissão dos vendedores, etc.

É importante entender a diferença desses conceitos porque o custeio por absorção considera todos os custos como sendo custo do produto, enquanto o custeio variável lança alguns desses custos como despesas.

Falaremos sobre a diferença desses métodos de custeios mais à frente.

Agora, com isso claro, ficará mais fácil entender as principais características do custeio por absorção, e o motivo pelo qual o custeio variável não é aceito pela legislação.

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Como calcular o custeio por absorção

Agora que você já entendeu os principais conceitos que o método do custeio por absorção exige, é hora de saber como calcular!

Vamos lá?

Separar custos e despesas

Antes de mais nada, você precisa identificar todos os seus gastos e separá-los entre custos e despesas. Lembre-se que, no custeio por absorção, é apenas os custos que você irá considerar.

Por isso, ter muito claro o que é gasto e o que é despesa é essencial para garantir uma apuração correta.

Apropriação dos Custos Diretos

Agora, você deve identificar todos os custos diretos, ou seja, aqueles custos que são facilmente ligados à produção de determinado produto. A matéria-prima utilizada é um bom exemplo de custo direto.

Mão-de-obra da equipe de produção também entra como custo direto.

Lembre-se de fazer essa apuração considerando todos os tipos de produtos fabricados pela sua empresa.

Por exemplo, digamos que sua empresa produza camisetas artesanais. O custo para produção de cada camiseta, entre tecido, linha, mão de obra da costureira e serigrafia (para a estampa), seja de R$ 20,00 por unidade. Você terá:

Custos diretos R$ 20,00

Apropriação dos Custos Indiretos

Depois de ter claro qual o custo direto de cada produto, você precisa atribuir à soma os custos indiretos, como gastos com terceiros, materiais auxiliares (que não são matéria-prima, mas são utilizadas para outros fins), etc.

Uma forma de fazer a apropriação dos custos indiretos é pegando o total dos custos e dividindo pelo total de produtos, apesar de não ser a maneira mais recomendável, por mascarar informações que possam ser importantes para alguma análise a nível de gestão.

Voltando ao exemplo, da sua produção artesanal de camisetas. Você já tem os custos diretos, unitário, para a produção de cada camiseta.

Mas você também precisa levantar os outros custos, que permitem o funcionamento da empresa, mas não estão diretamente relacionados ao produto.

Digamos que você tenha investido em uma campanha publicitária para divulgar sua nova coleção.

Você também precisou contratar algumas costureiras terceirizadas, para dar conta da produção, além de pagar o aluguel da sala onde sua empresa tem sede, bem como luz, água, limpeza e manutenção dos equipamentos, tendo um custo total no período de R$ 6.000,00, e produziu 550 camisetas.

Assim, você tem:

Qtdade produzida 550
Custo unitário R$ 20,00
Custos diretos R$ 11.000,00
Custos indiretos R$ 6.000,00

Para calcular o custeio por absorção, com um rateio simples, você pode fazer a seguinte conta:

R$ 11.000,00 + R$ 6.000,00 / 550

Assim, você tem um custo total por produto de R$ 30,90.

Como calcular o custeio por absorção usando um critério de ponderação

Para resolver o problema levantado no item anterior, pode-se fazer a distribuição dos custos indiretos considerando algum critério, a fim de fazer um rateio ponderado dos valores.

Uma forma de realizar o custeio por absorção usando um critério de ponderação é utilizando a distribuição dos custos diretos como parâmetro.

Por exemplo, se o produto A tem um custo direto 20% maior do que o produto B, você pode distribuir os custos indiretos respeitando essa mesma proporção.

Outra forma de realizar essa distribuição é considerando o tempo de produção de cada produto.

Imagine que o produto A tenha um volume de produção de 20 produtos/dia, e o B 10/dia. Você pode calcular o tempo utilizado para cada produto, e realizar a distribuição dos custos indiretos com base nessa informação.

Voltando ao nosso exemplo anterior, das camisetas: imagine que das 550 camisetas produzidas, 300 sejam de um modelo diferenciado, que acaba exigindo maior tempo das costureiras.

Então, ao invés de fazer um rateio simples, você pode:

Qtdade produzida 550
Custo unitário R$ 20,00
Custos diretos R$ 11.000,00
Custos indiretos R$ 6.000,00
Tempo de produção modelo A 1200 horas (75%)
Tempo de produção modelo B 400 horas (25%)

Então, você pode distribuir o valor dos custos indiretos de acordo com a proporção de tempo investido, assim:

Modelo A (300 unidades): R$ 6.000,00 x 75% = R$ 4.500,00 (unitário: R$ 15,00)

Modelo B (250 unidades): R$ 6.000,00 x 25% = R$ 1.500,00 (unitário: R$ 6,00)

Assim, o custo unitário total do modelo A é R$ 35,00, e do modelo B, R$ 26,00.

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Principais características do custeio por absorção

Você já entendeu o que é o custeio por absorção e como calcular, para fins de controle e cumprimento de entregas legais.

Para resumir, vamos listar as principais características do custeio por absorção. Dessa forma, ficará mais fácil de você diferenciar este método de custeio dos outros existentes:

  • O custeio por absorção considera todos os custos: fixos, variáveis, diretos e indiretos.
  • Exige algum critério para o rateio do custo entre os produtos, podendo ser levado em consideração o volume de produção, o tempo investido para cada produto ou até mesmo a proporção de custo variável das mercadorias.
  • É um critério legal, exigido para apresentação de documentos como o DRE.
  • Apesar de ser uma obrigação legal, não é a melhor opção a nível gerencial, por mascarar potenciais desperdícios ou ineficiências.
  • O resultado é impactado diretamente pelo volume de produção.
  • Permite a identificação do custo total de cada produto.
  • Não permite o cálculo da margem de contribuição.
  • É importante para decisões de longo prazo.

Vantagens e desvantagens do custeio por absorção

Sem dúvida, a principal vantagem de utilizar o custeio por absorção é porque este é o único método aceito legalmente para demonstrativo de resultados.

Ele também é um método bastante fácil de implementar, pois não exige que a empresa separe os custos por tipos, já que considera todos eles, igualmente.

Por outro lado, o custeio por absorção não oferece uma visão gerencial adequada para a tomada de decisões.

Isso porque prejudica o entendimento de conceitos como margem de contribuição e, até mesmo, o custo das mercadorias vendidas (CMV).

Já que o custeio por absorção distribui os custos fixos entre todos os produtos – e sem sempre o critério escolhido para esse rateio é o mais adequado -, não permite que o gestor conheça a margem real dos produtos.

Além disso, o custo de um produto pode ser impactado pela redução da produção de outro, já que o custo fixo depende do volume e da capacidade de produção da empresa.

O que é custeio por absorção ideal?

O custeio por absorção ideal continua considerando os custos fixos como custos de produção.

No entanto, neste caso, ele não atribui como custo os valores relacionados à ociosidade ou mal uso da empresa. É o caso de, por exemplo, maquinários parados ou materiais indiretos sem uso, por falta de demanda.

Estes custos são lançados como perdas no período, não sendo creditadas no custo dos produtos.

Vale a pena conferir: Simples Nacional: o que é, como emitir e quem se enquadra?

Diferença entre custeio por absorção e custeio variável

Apesar da legislação brasileira obrigar a empresa a utilizar o custeio por absorção para os relatórios obrigatórios, como o DRE, existem informações e processos internos, necessários para a gestão da empresa, como o orçamento empresarial, que este tipo de custeio não dá conta.

Para estes casos, é utilizado o chamado de custeio variável.

Neste tipo de custeio, apenas os custos variáveis são considerados como custo do produto. Os custos fixos são deduzidos do lucro bruto. Esta é a conta que se faz, por exemplo, para chegar na margem de contribuição da empresa.

Por isso, é um método de custeio muito importante para a empresa no que se refere a processos gerenciais.

Como principais características do custeio variável, podemos listar:

  • Não se adequa à legislação, sendo aceito somente relatórios a partir do método de custeio por absorção;
  • Permite maior controle sobre os gastos fixos, pois não os mistura com os gastos originados pelas vendas;
  • Facilita a tomada de decisões relacionadas a, por exemplo, descontinuar algum produto, por permitir uma visão facilitada da margem de contribuição por produto;
  • Tem seu resultado baseado no volume de vendas, e não na produção (como no caso do custeio por absorção).

Por que o método de custeio variável não é aceito pela legislação

Como vimos, uma das principais diferenciações de conceito para entendimento dos métodos de custeio é a diferença entre custo e despesa.

No caso do custeio variável, os custos fixos são lançados como despesa, ou seja, quando não tem impacto direto para a atividade-fim da empresa.

Assim, o custeio variável fere o princípio de regime de Competência e Confrontação, em que é preciso deduzir da receita todos os custos envolvidos para possibilitar essa receita, o que não acontece no caso do custeio variável.

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Conclusão

O custeio por absorção é um método de custeio utilizado pelas empresas, especialmente por atender às obrigações legais.

No entanto, ele, sozinho, não dá conta de atender às necessidades gerenciais da empresa. Por isso, o custeio variável pode ser mantido em paralelo.

Nada impede, por exemplo, que a empresa utilize o custeio variável durante todo o ano, e apenas lance mão do custeio por absorção no momento de entregar os relatórios e demonstrativos exigidos pela legislação.

Para isso, contar com um sistema integrado de gestão, que permita a organização, acesso, análise e levantamento das informações com facilidade e integridade dos dados, é essencial.

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Felix Schultz

Executivo de Internet com mais de 15 anos de experiência, incluindo a gestão geral das organizações, desenvolvimento de produtos, operações de negócios e estratégia.

 

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