Sabe aquele almoço de domingo que nunca consegue reunir toda a família ou aquela falta de consenso sobre aonde ir nas próximas férias? Ter uma empresa familiar pode significar vivenciar esses impasses todos os dias. Ou não. Tudo depende da forma como a gestão organiza o negócio. E, quando o assunto é sucessão empresarial familiar, é preciso ainda mais planejamento.
Por isso, é importante que ela seja programada bem antes de haver uma necessidade real. Mesmo que você pense que é jovem e que ainda falta muito tempo para se aposentar, a sucessão empresarial familiar deve fazer parte das estratégias da organização a médio e longo prazos. Entenda os motivos neste post.
Toda empresa familiar é igual?
Se dizem por aí que família é tudo igual, o mesmo princípio não vale para as corporações. Cada uma tem sua identidade e isso influencia diretamente nas decisões que envolvem a linha sucessória.
Quando todas as características são bem estruturadas, essas empresas se tornam exemplos de sucesso. Quer conhecer alguns cases famosos? Veja a seguir.
Walmart
A gigante americana Walmart é uma empresa familiar. Nasceu em 1962, fundada por Sam Walton, e atualmente seu filho Rob Walton é o presidente do conselho de administração da varejista que fatura mais de US$ 400 bilhões por ano.
São 11 mil lojas fixadas em 27 países diferentes, com 55 nomes distintos. Porém, todas com a mesma cultura organizacional e destaque no mercado. Tudo isso comandado por Rob, seus dois irmãos, um genro e uma nora na bancada das decisões.
Berkshire Hathaway
Berkshire Hathaway é considerada a empresa mais respeitada do mundo. Suas raízes datam de 1839 quando era do segmento têxtil. Foi em 1955, porém, que ela deu passos mais largos em direção ao fenômeno empresarial que é hoje. E o nome responsável por essa ascensão é Warren Buffett.
O americano fez a empresa crescer espantosamente, gerando milhares de empregos, com uma dívida mínima e a transformou em um grupo com diferentes atuações: de ferrovias a joias, passando por jornais e serviços públicos de gás e energia elétrica. Sua receita anual é de US$ 143 bilhões.
Itaú Unibanco
As famílias brasileiras também podem se inspirar em uma história nacional. O Itaú Unibanco é administrado por pessoas do mesmo sangue. O Unibanco nasceu da iniciativa de João Moreira Salles em 1924, em Minas Gerais. Já o Itaú foi criado pelos sócios Alfredo Egydio de Souza Aranha e Aloysio Ramalho Foz na década em 1940, em São Paulo.
Eles foram passando o comando das companhias para seus familiares, sempre se inspirando nas orientações dos seus fundadores. As empresas se uniram em 2008, na maior fusão desse tipo já feita no país.
Por que o planejamento é crucial para a sucessão?
O exemplo dessas três empresas revela que é possível concluir uma sucessão familiar com êxito e com vida longa à organização. Por isso, os líderes têm um papel crucial nesse processo.
Sabemos que administração de uma empresa é feita de diversos níveis hierárquicos e que todos eles têm sua importância. Entretanto, quando falamos de cargos de liderança, envolvemos pessoas que têm nas mãos o poder de grandes decisões que afetam a companhia como um todo. Uma escolha errada e tudo pode ruir.
Portanto, você não pode esperar que mudanças profundas sejam feitas sem passar pelos processos de preparação. Tanto os líderes atuais quanto os futuros precisam compartilhar dos mesmos interesses da organização, sem deixar de lado os valores, a cultura e a missão do negócio.
Do contrário, a empresa familiar pode passar por dificuldades e perda da identidade, para não citar outros danos mais significativos. Planejamento, portanto, é tudo. Se a ideia é manter a empresa no seu centro familiar, dê os primeiros passos para alcançar com triunfo esse objetivo.
Como planejar uma sucessão empresarial familiar?
Os rearranjos institucionais são a prova de fogo para a continuidade de uma empresa. Trocar a diretoria ou cadeiras importantes do conselho administrativo pode afetar, negativa ou positivamente, a imagem e o faturamento da companhia. Saiba, a seguir, como planejar uma sucessão empresarial leve e natural.
Faça um plano flexível
O processo transitório tende a acontecer de forma gradual. Ele deve fazer parte de um plano flexível, pois com o passar do tempo sofrerá influencia de questões externas de mercado e demandas internas familiares.
Por exemplo, seus acionistas podem exigir um sucessor com conhecimento muito técnico e pedir a contratação de um Chief Executive Officer (CEO). Pode acontecer ainda de um problema de saúde afastar alguém que estava sendo preparado há anos. Assim, seu plano tem que ser maleável.
Envolva a família nas decisões
Mesmo que grande parte dela não faça parte da empresa, é precisa envolver os integrantes da sua casa nas deliberações mais significativas sobre sucessão. Isso evita a discórdia e diminui a cobrança sobre uma postura autoritária.
Em casos assim, é provável que nem todos queiram fazer parte da iniciativa e acabem contribuindo de forma mais autêntica para os bons rumos da empresa sem se sentirem pressionados a assumir os cargos.
Deixe a razão falar mais alto
Seu amor pela família não pode ofuscar as decisões sobre sucessão. Deixe a razão falar mais alto e tenha um olhar crítico sobre os candidatos da família. Esqueça o sonho de eleger seu primogênito, caso ele não leve jeito.
Analise os perfis, considere o interesse, aposte nos mais preparados e não tenha medo de entregar a empresa para aquele que inicialmente não havia passado pela sua cabeça. O que vale é deixar a organização nas mãos da pessoa mais habilitada para isso.
Treine seus sucessores
O treinamento é a chave para uma excelente sucessão empresarial familiar. Mostre tudo o que sabe, conte os segredos e revele o caminho a seguir. Muitos empresários ficam temerosos em compartilhar sua experiência, mas para esse objetivo é essencial se abrir por completo.
Invista em cursos, reuniões, viagens e tudo o mais que puder envolver seus sucessores na missão, na visão, nos valores e na cultura da empresa. Na verdade, escolher as pessoas que darão os próximos passos é um processo de confiança e confiabilidade.
Monte uma equipe para consulta
Sua empresa não é formada somente pela diretoria. É importante montar uma equipe que funcione como um comitê consultor sobre a sucessão. Inclua advogados, contadores, gerentes, marqueteiros e outros profissionais que atuam em diferentes áreas da empresa.
Quanto mais multidisciplinar for esse grupo, maior será a pluralidade de opções e a segurança dos rumos da companhia. O planejamento da sucessão empresarial familiar ganhou dimensões de protagonista, desde que as empresas familiares passaram de pequenos empreendimentos para valorosas corporações.
Não deixe para pensar nisso em cima da hora! O que você tem feito para ficar de olho no crescimento futuro da sua empresa? Conte para a gente nos comentários.